II Maratona Fotográfica, de 24 à 31 de agosto, na Casa de Cultura José de Dome - Charitas.


Arte e fotografia vão se espalhar por Cabo Frio e fazer da cidade cenário da cultura. De 24 a 31 de agosto, a II Maratona Fotográfica de Cabo Frio trará exposições de grandes nomes da fotografia nacional e novos artistas, além de oficinas, debates e filmes para mostrar as diferentes formas desta arte. A Casa de Cultura José de Domme - Charitas - terá a exposição do fotógrafo e diretor de fotografia de cinema Walter Carvalho e do fotógrafo Márcio RM e mostrará novas faces da Região dos Lagos, captadas pelas lentes de 10 novos artistas.
Iniciada no ano passado, a Maratona Fotográfica de Cabo Frio apresentou o encontro da cidade com a fotografia. O evento rendeu frutos, e os trabalhos da primeira edição foram selecionados para o FotoRio 2007, o encontro internacional de fotografia do Rio de Janeiro. Em sua segunda edição, a Maratona Fotográfica quer confirmar o pioneirismo e exibir o que Cabo Frio tem em abundância: a areia. Escaldante como a juventude ou fina como talco, esteja nas dunas ou fugindo para dentro das casas, a areia será o tema a ser captados pelos olhares de 10 fotógrafos locais. A seleção de imagens será feita pela curadora e fotógrafa Joana Mazza.
As exposições ficarão ao longo do mês de agosto e setembro na Casa de Cultura José de Dome – Charitas, Centro, Cabo Frio - RJ.

Inscrições para OFICINAS de 19 a 23/08
Charitas - Av. Assunção, Centro, Cabo Frio.

PROGRAMAÇÃO:

24/08 - SEXTA
19h - Abertura das Exposições:
"O sertão é todo Espera" - Walter Carvalho
"Cruzeiros" - Márcio RM
"Areia" - Coletiva
- CineTribAL - Mostra de curtas-metragens

25/08 - SÁBADO
9h - Oficina I - Introdução à Fotografia
13h - Oficina II - Pin Hole
16h - Curtas:
"Quem vai chorar quando eu morrer?"
"Judith"
"Quem?"
17h - Vídeo Arte: "Interferência"
19h - Palestra com Márcio RM

26/08 - DOMINGO
9h - Oficina III - Fotografia em Estúdio
13h - Oficina IV - Fotografia no Cinema
16h - Passeio Fotográfico
17h - Documentário: "Pescadores de Aran"
19h - Palestra com Walter Carvalho

27 a 30/08 - SEGUNDA A QUINTA
18h - Visitas Guiadas - Exposições no Charitas

31/08 - SEXTA
Palestra com Luiz Gonzaga de Carvalho e Silva
"História da Fotografia"

1 e 2/09 - SÁBADO E DOMINGO
18h - Projeções Fotográficas no Convento

REALIZAÇÃO:
LadoB Produções
TribAL - Associação Cultural Tributo à Arte e à Liberdade


INFORMAÇÕES:
maratona.fotografica.cf@gmail.com
Alexandra Arakawa (22) 92149662
Manuela Costa (21) 93548758

Conto: "Cachinhos aos Ventos"


Por Paulo César de Souza*
Uma tranqüila atitude fazia a manutenção dos riscos adquiridos na trajetória das inocências. No entanto, o coração bateu num ritmo sensual quando ele apreendeu algo, em si, na aparente virilidade. O que fazia ter tantas certezas? Porque, de repente, um extremo desconforto, ereto, cruzou a linha sincrônica de sua corrente sangüínea?
No começo, tratavam-se com cordialidade e admiração. Uma admiração passiva, maquiada por cores intelectuais e beleza física: um deles se vestia como um garoto, falava como um menino e agia como um rapaz. Mas havia um hospedeiro: um homem camuflado naquela aparente adolescência, que escondia nas armaduras medievais crianças sintomáticas, eternas, que faziam emergir a delícia de uma pedofilia. Era um personagem rasgado de um conto de novelas, uma cena escrita para ser vista e vivida; para ele mesmo, sem o ser. Foi então que veio a grande revelação: ele podia ser... sem ser. Na sua respiração, conclui atônito – se é que concluir fosse passível de alguma conclusão – que ele não podia mais olhar para ele de forma simples e descomprometida. Pois o comprometimento canibal era um emaranhado de teias carnívoras que degustavam, deliciosamente, a salada de criancinhas.
Estar envolvido em tal historia é como assistir “Janela Indiscreta” de Hitchcock. Devo atravessar a grande ponte? Olhou através do binóculo e percebe que o rapaz se posicionava nu do outro lado da ponte. Completamente nu! Maravilhosamente nu! Provocação? Não. Sua nudez era rígida como as armaduras e quente como a esperança; e mesmo apesar do distanciamento era possível sentir as batidas do seu coração e ver os arrepios na sua pele branca de neném. Num momento rápido pensou que... ficar ali parado era pecado; olhando através de um binóculo era indiscreto. E aí, então, tomou uma decisão súbita e espontânea de atravessar a ponte. Avançou alguns passos à frente e a ponte rangeu perigosa e felina. Uma pantera. Parou apavorado desligando as lunetas dos seus olhos, sentindo os pelos do asfalto periclitantes sobre os seus pés. Mas um beijo refrescante veio rápido com o vento, apaziguando todo aquele momento feliz e efêmero. Deu mais alguns passos, e furiosa a ponte tremeu, balançando seu corpo frágil, tentando derrubá-lo de sua própria segurança. Um gruído propagou-se com o vento e sobre aquele tremor, segurou uma das mãos num ferro grosso e com a outra elevou o binóculo no olho do sul e viu, contrariando toda aquela concupiscência, cachinhos balançando ao vento, incógnitos. Se perguntasse para si mesmo se deveria atravessar toda aquela ponte; já não fazia nenhum sentido desde que começara a pressentir. O amor havia lhe flagrado numa situação exposta, contundente em fraturas que se propagavam nas estruturas. Quando percebeu, já havia avançado quase a metade do trajeto e em meio a águas revoltas lembrou-se de uma canção.
Foi fácil tirar da armadura o menino para logo em seguida – como numa cirurgia cesariana – dar a luz a um rapaz. Tenebroso era o homem que poderia evoluir, ríspido como uma árvore, de dentro da carcaça de ferro. Pois a batalha era inevitável, fosse ela qual fosse. E em masturbações plenas, um exército de homem passava a guarda na sua frente; mas era sempre a imagem dele que prevalecia na ora do gozo. Aquela compulsividade serena já era o prelúdio de uma deliciosa doença que se instalara nas entranhas da sua imaginação e dos seus sonhos. Estava pronto para guerrilhar e avançar um pouco mais a comprometida ponte. A doença lhe conferia surtos de felicidade e receios momentâneos; aumentando os números de punhetas em qualquer domicílio ou local público, pois sabia que logo em seguida, na ora do gozo, era o seu semblante encaracolado que vinha visitá-lo após a troca da guarda. Passou a busca neste distúrbio anacrônico a presença terna do seu olhar, pernas, coxas, músculos, e a quentura de suas cavernas sanguíneas na ponta dos seus lábios; uma deliciosa prática de tê-lo mais próximo de mim. Poucos poemas, sarados, foram capazes de lhe trazer àquela circunstância em meio a uma ponte preste a ruir, e um rapaz helênico resgatou o poder catastrófico suplantado na sua longa espera: vulcões explodiam, terremotos devastadores, ciclones e ventos feito brisa. Quanto mais ele avançava mais comprometia a estrutura da ponte e a imagem na lente do binóculo aumentava em proporções bem dotadas, deixando-o totalmente embriagado e sem consciência do que estava acontecendo: a separação dos continentes. Uma gaivota, planando no seu ouvido, gritou aborrecida chamando-lhe a atenção. Ele parou obediente e parou também o divisor das águas. O olho nu olhou para o nu que sorria feliz do outro lado da ilha já bem próximo do alcance, e, por alguns instantes, eternos talvez, o mundo todo parou de girar de baixo dos seus próprios pés, de frente dos seus olhos. E uma calmaria invadiu todo o fluxo contínuo de uma transmutação possível de existir que não fosse aquela: a vigente. Parado, já um quarto percorrido, saboreando a brisa na ponte quase destruída, foi de tudo um prazer admirável e tranqüilizador. O menino próximo ali na sua frente, pequeno e oblíquo, lhe pareceu sem sentido, agora, para avançar um pouco mais na fúria de seus desejos. Mergulhou, então, no frenesi daquela liberdade e bem antes que ele pensasse em dar mais alguns passos... sabia agora que qualquer movimento avante estaria comprometendo com toda a estrutura de um planeta inteiro. Era melhor deixar agora esse processo evolutivo de irresponsabilidade a cabo da lei da gravidade, movendo com cautela os continentes sobre a fração segura dos segundos e minutos presente. Afinal de contas, Ele havia se mostrado inteiro para Ele espelho. Nu, completamente...

*Professor de Literatura, escritor, cineasta e pesquisador do Ciclo de Leitura. pcdesouza9@yahoo.com.br (22) 8137-7402

Ciclo de Leitura sobre ARNALDO ANTUNES, sexta-feira, dia 20 de julho, às 20:33h.


A TribAL convida a todos para o Ciclo de Leitura, desta vez sobre a obra de Arnaldo Antunes. O Ciclo de Leitura tem por objetivo desvendar quem é esta pessoa, trazer a literatura, a composição musical e a dramaturgia brasileira para perto do seu público, criar o hábito da leitura, assim como proteger e exercitar o que há de melhor em nossa cultura. Como funciona o Ciclo de Leitura? Traga algum texto (poema, conto, poesia, crônica, curiosidades, composição, etc.) sobre o autor indicado. Se preferir, venha apenas para ouvir e "viajar".
O Ciclo de Leitura acontecerá na sexta-feira, dia 20 de julho de 2007, às 20:33h, no Espaço Sorriso Feliz - Teatro de Marionetes: Rua Jorge Lossio, esquina com Francisco Mendes (próximo ao Corpo de Bombeiros), Centro, Cabo Frio - RJ.
Até lá!
O QUE JÁ ROLOU:
- Caio Fernando Abreu
- Clarice Lispector
- João Cabral de Melo Neto
- Guimarães Rosa
- Ariano Suassuna
- Carlos Drummond de Andrade
- Mário Quintana - 100 anos
- Paulo Leminski
- Nelson Rodrigues
- Érico Veríssimo - 100 anos
- Rachel de Queiroz
- Fernando Sabino
- Vinícius de Moraes
- Plínio Marcos
- Cecília Meireles