XIII Noite CulturAL


A Noite CulturAL é um evento que a TribAL tem muito orgulho em realizar, e nesta 13ª edição - cultura popular -, convida a todos a participarem deste espetáculo transformador e conhecer os artistas da sua cidade.
Até lá!

Ciclo de Leitura sobre Plínio Marcos


A TribAL convida a todos para o Ciclo de Leitura, desta vez sobre a obra de Plínio Marcos. O Ciclo de Leitura tem por objetivo trazer a literatura brasileira para perto do seu público, criar o hábito da leitura, assim como proteger e exercitar o que há de melhor em nossa cultura.
Como funciona o Ciclo de Leitura? Traga algum texto (poema, poesia, crônica, curiosidades, etc) sobre o autor indicado. Se preferir, venha apenas para ouvir e "viajar".
O Ciclo de Leitura acontecerá no dia 18 de maio de 2007, sexta-feira, às 20:00h, no Espaço Sorriso Feliz (Teatro de Marionetes) - Rua Jorge Lossio, esquina com Francisco Mendes (próximo ao Corpo de Bombeiros), Centro, Cabo Frio - RJ.
Até lá!

Curta-metragem e a sua lei


Por Flavio Pettinichi*
Apesar de pequenos na forma, eles podem ser considerados grandiosos. Por um período curto de no máximo vinte minutos, eles conseguem ter longa permanência na memória do espectador. Cuidadosos ao extremo, eles têm que saber dosar o impacto, a surpresa, o humor ou a poesia, pois não é muito difícil errar a mão. Os curtas-metragens ganharam espaço no mercado brasileiro, sendo produzidos em mais de 19 Estados. Com baixo orçamento, a produção nacional de curta-metragem pode se caracterizar por uma palavra: diversidade; com temas, cenários e estéticas de várias regiões do país. Durante os anos 90, época dura para o cenário cultural do país, foi talvez o único setor em atividade no cinema brasileiro. Alguns dados evidenciam essa força de continuar vivo: na década de 80, uma média de 120 títulos finalizados por ano, e no decorrer dos anos 90, uma produção de 80 filmes por ano. Hoje, o seu espaço vem sendo consolidado pouco a pouco, com festivais que mostram o que de melhor vem sendo produzido e também revelam jovens cineastas, que na maioria das vezes acabam por fazer deste tipo de produção o seu batizado no mundo cinematográfico. O cineasta Luís Carlos Lacerda afirma que existia, e ainda existe, uma lei que obrigava a passar um curta brasileiro antes de qualquer filme estrangeiro, mas que deixou de ser cumprida há duas décadas e reforça a importância dos festivais para os curtas: ''É preciso ter o cumprimento dessa lei para que seja definitiva a presença do curta no mercado. Se para o longa é difícil, para o curta é mais ainda. A Riofilme produz 20 curtas por ano, o que é pouco - é muito importante lembrar.
Se a lei existe, como é possível que ninguém a cumpra? Será que os órgãos públicos não vêem isso, ou fazem caso omisso a essa situação? Não é direito do cidadão exigir que as leis sejam cumpridas? Por sorte, existem organizações que estão preocupadas com isso e tentam reverter esse quadro, questionando e realizando eventos que chamem à reflexão para estes acontecimentos. A TribAL é uma das poucas organizações, na região, que vem realizando as mostras livres de curta-metragem. Em suas edições, realizadas na Casa 500 anos de História, em Cabo Frio, conta, em média, com uma platéia de 45 pessoas, dentre profissionais de cinema, autoridades do poder público e público em geral, mostrando assim que o curta-metragem tem muita aceitação. É muito importante salientar que a TribAL não conta com apoio financeiro para estes eventos, e eles só acontecem porque a vontade de vencer barreiras supera a sensação de letargia que acomete a grande maioria dos encarregados de manter e desenvolver a nossa cultura. A Secretaria de Cultura de Cabo Frio e o público interessado têm colaborado para que este evento continue a acontecer. Ficamos felizes com este acontecimento, esperando que ele se expanda até a realização do tão esperado Festival de Cinema. Longa vida ao cinema! Longa vida ao curta-metragem!
*Artista plástico, cineasta, poeta, ...

C i r a n d a, c i r a n d i n h a . . .


Por André Amaral*
É uma dança típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. Uma das cirandeiras mais conhecidas é a Lia de Itamaracá. Surgiu também, simultaneamente, em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado. É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, porém na região Nordeste e, principalmente, em Pernambuco ela é conhecida como uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também. Há várias interpretações para a origem da palavra ciranda, mas segundo o Padre Jaime Diniz, um dos pioneiros a estudarem o assunto, vem do vocábulo espanhol zaranda, que significa instrumento de peneirar farinha e que seria uma evolução da palavra árabe çarand. A ciranda, assim como o coco em Pernambuco era mais dançada nas pontas-de-rua e nos terreiros de casas de trabalhadores rurais, partindo depois para praças, avenidas, ruas, residências, clubes sociais, bares, restaurantes. Em alguns desses lugares passou a ser um produto de consumo para turistas. É uma dança comunitária que não tem preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar. Começa com uma roda pequena que vai aumentando, a medida que as pessoas chegam para dançar, abrindo o círculo e segurando nas mãos dos que já estão dançando. Tanto na hora de entrar como na hora de sair, a pessoa pode fazê-lo sem o menor problema. Quando a roda atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outra menor no interior da roda maior. Os participantes são denominados de cirandeiros e cirandeiras, havendo também o mestre, o contra-mestre e os músicos, que ficam no centro da roda. Voltados para o centro da roda, os dançadores dão-se as mãos e balançam o corpo à medida que fazem o movimento de translação no sentido anti-horário. A coreografia é bastante simples: no compasso da música, dá-se quatro passos para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo, balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda. Há cirandeiros que acompanham esse movimento elevando e baixando os braços de mãos dadas. O bombo ou zabumba, mineiro ou ganzá, maracá, caracaxá (espécie de chocalho), a caixa ou tarol formam o instrumental mais comum de uma ci-randa tradicional, podendo também ser utilizados a cuíca, o pandeiro, a sanfona ou al-gum instrumento de sopro. O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da ciranda, cabendo a ele "tirar as cantigas"(cirandas), improvisar versos, tocar o ganzá e presidir a brincadeira. Ele utiliza um apito pendurado no pescoço para ajudá-lo nas suas funções. O contra-mestre pode tocar tanto o bombo quanto a caixa e substitui o mestre quando necessário. As músicas podem ser as já decoradas, improvisadas ou até canções comerciais de domínio público transformadas em ritmo de ciranda. Pode-se destacar três passos mais conhecidos dos cirandeiros: a onda, o sacudidinho e o machucadinho. Alguns dançarinos criam passos e movimentos de corpo, mas sempre obedecendo a marcação que lhes impõe o bombo. Não há figurino próprio. Os participantes podem usar qualquer tipo de roupa e a ciranda é dançada durante todo o ano. A partir da década de 70 as cirandas começaram a ser dançadas em locais turísticos do Recife, como o Pátio de São Pedro e a Casa da Cultura, modificando um pouco a dança que se tornou mais um espetáculo. O mestre, contra-mestre e músicos saíram do centro da roda para melhor se adaptarem aos microfones e aparelhos de som, passando também a haver limite de tempo para a brincadeira. Compositores pernambucanos como Chico Science e Lenine enriqueceram seus repertórios, utilizando a ciranda nos seus trabalhos.
Os cirandeiros da TribAL esperam você na próxima ciranda para que a roda fique ainda mais formosa. Roda a ciranda!

*Fotógrafo, desenhista, câmera-man, protético nas horas vagas, big rider de grandes vagas, velejador em furacões e contador de histórias de pescador.

Dai a César o que é de César


Por Janete Ferreira*
Seduzido pela “paixão”, um artista às vezes até acha que está a fazer arte, mas no fim está apenas contribuindo para a roda da indústria cultural, estando a repetir o mas do mesmo. A burguesia nunca criou cultura, eles criam moda, e subordinados a ela, seus escravos ficam a mercê de suas vontades e caprichos. E aqueles que fazem, pouquíssimas vezes são ouvidos, mesmo gritando em praça pública.
Então dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. A César dai o imposto que lhe é exigido... Calar: verbo intransitivo. Calar: estar em silêncio; não falar, cessar de falar; emudecer; calar-se; não divulgar o que sabe; não ter voz ativa.
A Deus... Grito: substantivo masculino. Grito: vozes inarticuladas emitidas por quem sente dor, alegria, espanto.
Espanto-me de ver a cegueira da vaidade do dever não cumprido. O dever que falo aqui é a obrigação moral diante de si mesmo, que acaba sempre esbarrando com a sedução do interesse. Alegria de ter liberdade para gritar mesmo que de dor...
*Protética poética

A r t e D e m ó t i c a


















Por Jiddu Saldanha*
Conheci o “Manifesto Político-Poético” por volta de 1992, uma arrojada criação do genial poeta amapaense Herbert Emanuel em parceira com Jules de Lima (Morali) fundador do movimento de arte demótica.
Este manifesto é, na minha percepção, um jorro de pura paixão e profundidade artística e política e que está em total sintonia com este momento histórico, onde nos vemos cada vez mais, acorrentados quer seja pelas relações de poder ou/e domesticado por uma vida imersa no que há de pior no consumismo propagado pela doutrina do neo-capitalismo.
É com prazer que apresento à vocês, queridos amigos e simpatizantes do movimento TribAL, o então “Manifesto Político-Poético”:
Queremos afirmar nossa alegria
Contra a atmosfera de tristeza que nos envolve
Queremos fazer brilhar a beleza
Contra a fealdade sinistra dos nossos dias
Queremos dançar para revitalizar nosso espírito
Contra o logo das crises políticas e econômicas que nos arrastam para os braços do nada
Queremos brandir docemente e às vezes exasperadamente nossos ideais estéticos, políticos e pessoais
Contra o vazio que a insensibilidade oficial promove
Queremos exercitar os impulsos da criação, a intraduzível admiração diante das obras de arte
Contra o embrutecimento mental que a falta de cultura mais sórdida e mais triste nos impõe
Queremos ter sentido: um imenso, um vasto horizonte onde depositar nossas crenças, nossos delírios e nossas invenções
Queremos dizer SIM a tudo que nos transporta para o encontro com o novo, o velho, a beleza, a pintura, a música, o teatro, a poesia, o diálogo efusivo e ardente
Queremos molhar os desejos, incendiar os caminhos escuros,
COMEMORAR A VIDA!

*Mímico, poeta, artista plástico e arqueiro.